segunda-feira, 4 de abril de 2016

Chegaste tarde, entre o assustado e o desiludido.  De repente, sem que nada o fizesse prever, a vida trocou-te a volta e o chão deixou de estar debaixo dos teus pés.  O teu caminho, tão claro e definido até ontem, está hoje na penumbra.  Naquele espaço que existe entre a luz e a sombra.  Quase que o vejo coberto de folhas secas e de detritos, e tu, a medo, a colocares um pé atras do outro, com receio de caíres num buraco sem saída.  Onde está o meu ídolo de sempre?  O farol que me mostra o percurso seguro, que me afasta das rochas e me mantem a salvo dos embates da vida?  Onde está o meu amigo e confidente?  Quase não o encontro, nesse corpo familiar que conheço.  Não tenhas medo, apetece-me dizer-te.  Eu trato de tudo, eu dou a volta, eu cuido de ti.  Não foi isso que fiz sempre?  Eu não conheço as perguntas, era tão bom se as soubesse de cor.  Eu só sei a resposta que me dou todos os dias.  Estarei aqui, sempre, enquanto tu o quiseres.  Enquanto for preciso.  Enquanto fizer sentido.  Confia, se o fizermos juntos, o caminho fica mais fácil.  E a penumbra, sempre que seguro na tua mão, é atravessada por uma luz que me orienta e me serve de guia.  Nada estará perdido, se não desistires...