Chegaste tarde, entre o assustado e o desiludido. De repente, sem que nada o fizesse prever, a vida trocou-te a volta e o chão deixou de estar debaixo dos teus pés. O teu caminho, tão claro e definido até ontem, está hoje na penumbra. Naquele espaço que existe entre a luz e a sombra. Quase que o vejo coberto de folhas secas e de detritos, e tu, a medo, a colocares um pé atras do outro, com receio de caíres num buraco sem saída. Onde está o meu ídolo de sempre? O farol que me mostra o percurso seguro, que me afasta das rochas e me mantem a salvo dos embates da vida? Onde está o meu amigo e confidente? Quase não o encontro, nesse corpo familiar que conheço. Não tenhas medo, apetece-me dizer-te. Eu trato de tudo, eu dou a volta, eu cuido de ti. Não foi isso que fiz sempre? Eu não conheço as perguntas, era tão bom se as soubesse de cor. Eu só sei a resposta que me dou todos os dias. Estarei aqui, sempre, enquanto tu o quiseres. Enquanto for preciso. Enquanto fizer sentido. Confia, se o fizermos juntos, o caminho fica mais fácil. E a penumbra, sempre que seguro na tua mão, é atravessada por uma luz que me orienta e me serve de guia. Nada estará perdido, se não desistires...