Não precisas de ligar. A sério! Não necessitas de pegar na treta do telemóvel e marcar um numero para ouvires a minha voz.
Nem de te cansares a procurar os algarismos e a entrar na linha que te transporta para dentro do meu ouvido. A sério!
Eu estou bem. Eu estou tão tranquila que até nem me lembro de sentir a falta da tua voz. Quem diria, não é? Eu que vivia suspensa naquele momento em que o telefone tocava e o mundo parava para te atender. Eu que escolhia ficar em casa, sozinha, esperando que a tua companhia chegasse na forma de um som. E que, depois de desligarmos, ficava a sentir o eco as tuas palavras dentro da minha alma. Adoro-te. Adooro-te. Adoooro-te. E uma vez mais, noite dentro.
Agora (a sério!) não te preocupes comigo. Eu já estou habituada a perguntar e a responder-me de seguida. A olhar no espelho e a ver a minha imagem sem a moldura da tua sombra por trás. Desabituei-me de te ter. É um risco que todos corremos.
Não precisas de ligar. Nunca mais. Até porque eu já não preciso de te ouvir. A tua voz deixou de ser a tal para mim. E, acredita, o mundo já nem pára quando me parece ouvir o telefone a tocar.
quinta-feira, 5 de novembro de 2015
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