sábado, 18 de abril de 2015

O que é que deves saber sobre mim antes de pronunciares a expressão "para sempre"?  Antes mesmo de pensares nela, sequer?
Que eu sou fiel quando amo.  E que farei tudo para te fazer feliz.
Que sou serena.  E genuína.  E um bocadinho chata, também. 
Que gosto de abraços e de beijos.
Que não suporto que me falem alto.  E que nem sempre me apetece ficar a discutir.
Que não aceito mentiras.  Acho-as inúteis e infantis. 
Que adoro ficar quieta a saborear o silencio.
Que gosto de ter cada coisa no seu lugar.  E de casas arrumadas. 
Que faço sempre a cama antes de sair de casa.
Que, por vezes, me esqueço de fechar as portas dos armários da cozinha.  Mas nunca deixo gavetas abertas nem conversas a meio.
Que acho um desperdício o tempo que se perde com agressões gratuitas.  Com cinismo.  Com arrogância.
Que sei da fragilidade da vida e dos afectos.  Por experiência própria.
Que respeito a saúde.  Que não gosto da morte.  Que até já espreitei o outro lado, mas não quis lá ficar.  E, no que depender de mim, não irei para lá nos próximos trinta anos.
Que descobri que não há maior desafio do que o amor.  O amor como o entendo, não o amorzito.  Ou nos ocupamos dele durante as 24 horas ou então não resiste e vai embora.
Que gosto muito de dormir.  E que não passo sem um chocolate (mesmo que depois ande a contar os gramas a mais...)
Que me fascina a trovoada.  Apesar de por vezes me meter medo. Que gosto mais da lua quando está em quarto crescente (deixo a lua cheia para ti...)
Que gosto que me façam rir.  Prefiro isso a receber flores.
Que sou convencida.  Que sei do meu valor.
Que gosto muito de mim e acredito que a minha vida é a coisa mais importante do mundo.
E pronto...
Se depois de tudo isto ainda fores capaz de querer dizer "para sempre", olhando nos meus olhos, então não tenho dúvidas que és o mais parecido que conheço com a minha alma.

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Estar feliz não é o mesmo que ser feliz.
Estar feliz é um momento, um estado, um sopro.  Ser feliz é um modo de vida que dura todos os momentos.
Estar feliz é o contrário de estar triste.  Ou amargurado.  Ou zangado.
Ser feliz é a calma que se sente mesmo quando a tristeza aperta, mesmo quando as lágrimas nos toldam a vista e a solidão dói.
Eu posso ser feliz mesmo quando não estou feliz.  Estranho?  Não.  Eu sei do que escrevo.
A felicidade não vale nada quando é apenas um estado.  Como a chuva que vem, molha e passa.  Ou a luz do dia que mais logo se transforma em noite e escuridão.
A felicidade tem de ser cultivada sempre.  Vive connosco.  Não pode nunca ser apenas uma fase.
É um vicio que eu preciso de ter.  Uma adição que vive comigo as 24 horas do dia.  E, quando quase me esqueço dela, logo o meu corpo me lembra de como é bom ser feliz.
Porque ser feliz é a melhor coisa que existe!
Há os que tudo têm e os remediados.  E também os pobres e os pedintes.
Há os que tudo querem e os desprendidos.
Há os que sonham.  Os que adivinham o futuro.  E os que o temem.
Há os que fazem planos e projectos.  E os que se deixam surpreender pela vida.
Há os que valorizam os afectos e os outros, os que só pesam a matéria.
Há os que sofrem e choram e os que riem de si próprios.
Há os que gritam e os discretos, os que se ouvem por dentro.
Há os solitários e aqueles que só estão bem se tiverem uma sombra.  Ou se forem a sombra de alguém.
Há os serenos e os loucos.
Há os que desesperam por tudo e por nada. E aqueles para quem as contrariedades são feitas para ultrapassar.
Há os que amam sem cobrar.  E os outros, os interesseiros, os que esperam sempre a recompensa.
Há os transparentes, os genuínos.  E os que os tentam imitar mas não passam de um bluff.
Há os que são desejados e os que se impõem.
Há os felizes.  E os outros.
Há de tudo, sem haver meio termo...
Seja para que lado me vire é na tua ausência que tropeço.  Na lembrança do que foste, no eco das nossas memórias.  O espaço vazio que deixaste está agora ocupado por lembranças. Que um dia acabarão por perder a forma.  Por se tornar ocas.  E serão o refexo da sua total e definitiva inutilidade.
Lembro-me de ti?  Ou é de mim contigo que me recordo?
Eu não me apercebi do momento em que comecei a deixar de te amar.  Não sei se foi naquele dia em que ficaste sentado quando eu te pedi ajuda para carregar as compras que eram muitas.  Ou no outro, quando te esqueceste de responder às minhas mensagens e me deixaste à espera.  Não registei a data, não memorizei o momento.
O que eu sei é que lentamente, como quem não quer, comecei a acabar de gostar de ti.  E essa é uma viagem sem volta, porque quando eu começo a fazer o caminho do desamor, já não encontro forma de voltar atrás.  Nem quero.  É sempre assim, nunca volto ao que acabou... 
O amor é uma ocupação de vinte e quatro horas, sempre o senti como tal.  Só me faz sentido assim, é demasiado importante para o viver de outra forma.  E o desamor é como um vírus que quando se instala vai, aos poucos, fragilizando o meu coração até o deixar vazio.
Agora olho para ti e pergunto em que parte da nossa historia isso aconteceu.  Em que dia.  Em que momento.  E não consigo responder-me.
O que me ocorre é a memória dos momentos em que ainda te sentia como parte de mim.  Em que ainda respirava ao mesmo ritmo que tu.  Agora falta-me o ar...
Agora olho-te e já não encontro em ti o meu amor.  Nem a sua sombra.  O desamor ocupa todo o espaço onde dantes tu estavas.  Temos pena...

terça-feira, 7 de abril de 2015

Hoje vi-te da minha janela.  Trazias pelo braço a tua nova companheira e conversavam.  Pareceste-me tranquilo.  Ela também tinha um semblante sereno. 
Já não te via há uns tempos, achei-te envelhecido.  O teu cabelo está quase branco e reparei que engordaste.  Passou por ti o mesmo tempo que por mim, mas hoje, ao olhar-te, pareceu-me que as suas marcas estavam todas no teu rosto.  Será por ter estado tanto tempo sem te ver?  É possível, vendo bem eu encontro-me todos os dias em frente ao espelho e as mudanças que ocorrem no meu rosto são quase imperceptíveis.  Ou melhor, só as noto quando seguro nas mãos uma fotografia do passado.  Como aconteceu contigo hoje, quando levantei os olhos e te vi sair do passado e caminhar pela rua neste presente que vivo...