Qual é o espaço que se deve dar a um filho? O do coração, invisível, imenso e infinito? O do útero, íntimo e aconchegante? O do pensamento? O da vida? O de toda a nossa vida?
Quando nasceste, olhei para ti e achei que eras só minha. Tinhas sido feita nesta imensa fábrica que é o meu corpo. Naqueles nove meses que antecederam esse momento e em todos os outros em que te desejei, todas as minhas energias estavam concentradas em ti. Ainda não te conhecia e já dava a minha vida por ti. Ainda não te sentia e já falava contigo todos os dias, como ainda hoje fazemos.
Quando te deitaram no meu colo, achei-te tão frágil que tive medo que me escorregasses das mãos. Naquele momento, senti-me mais pequena do que alguma vez antes. Olhava para ti e pensava se tu existias mesmo ou se eras fruto do meu desejo. Como é que eu, que nem sei desenhar, tinha conseguido fazer-te assim, tão perfeita. Passava horas a olhar-te, a olhar-me através de ti, crescemos juntas todos os dias, desde aí. Eu, a mãe, a que não sabia nada, a que só admirava o milagre que tinha no colo. Tu, a filha, meio metro de gente a tomares conta da minha vida para sempre. E a ensinares-me tudo o que eu ainda não sabia. Como ainda agora acontece tantas vezes...
Hoje já não te acho tão pequena. Continuas a ser a minha "mini", isso serás sempre. Mãe é mesmo assim, tens de ter paciência...
Qual é o espaço que devemos dar a um filho? Todo! O que temos e o que somos capazes de ter e nem sabíamos. Porque um filho faz-nos sair de nós, exceder-nos a nós próprios. Faz-nos sentir pequenos perante ele, torna-nos gigantes por causa dele, transforma-nos em seres capazes de fazer milagres. E ficamos o resto da vida a admirá-los e a pensar como foi que um dia fizemos isto...
Parabéns minha filha!